HOMENAGEM: O BATUQUE DE MESTRE HERCULANO REGISTROU UMA VIDA DE ARTE SOLIDÁRIA E MUITA RESISTÊNCIA POLÍTICA QUE PROJETOU O NOME DE TIETÊ



Mestre Herculano de Moura Marçal, é a personalidade tieteense homenageada, nas atividades previstas do Calendário de Eventos do Municipio, adaptado para o período pandêmico, por ter sua história marcada por disseminar a cultura que os antepassados africanos trouxeram para o Brasil, na época da escravidão, com o propósito da perpetuação pelas novas gerações da rica tradição e cultura africana.

Ao som dos enigmáticos instrumentos tambú, quinjengue, matraca, guaiá e apito, Mestre Herculano, expoente figura do grupo Batuque de Umbigada de Tietê, percorreu diversas regiões contando sobre essa tradição que se concentrou fortemente na região do Médio Tietê (Tietê, Porto Feliz, Laranjal, Pereiras, Capivari, Botucatu, Piracicaba, Limeira, Rio Claro, São Pedro, Itu e Tatuí). A manifestação, que prima pelo tradicionalismo da dança afro, criada em forma de louvação à fertilidade foi por Herculano, preservada e transmitida por gerações, com o objetivo de resgatar essa tradição popular e difundi-la.

Mestre Herculano foi filho de José Marçal, o Mestre Zequinha (o rei do tambú), e de Sebastiana de Moura, os quais foram responsáveis por apresentar o Batuque de Umbigada ao Município de Tietê, pois a avó materna de Herculano imigrou da África, no período da colonização. Mestre Herculano foi referência no Estado, da raiz da dança negra, por ser filho, neto e bisneto de batuqueiros muito importantes.

Há apontamentos históricos que a palavra samba tem a ver com a umbigada. A dança foi combatida, perseguida pela igreja, na época, pela moral dominante, e em várias danças, foi trocada a umbigada por palma de mão, ou pisada de pé, mas no batuque ela se manteve. São poucos esses grupos tradicionais hoje, os existentes carregam o respeito ao Mestre Herculano de Moura Marçal, principalmente na região do Médio Tietê, que concentrou uma grande presença negra da história do Brasil.

Mestre Herculano faleceu na noite de uma quinta-feira, 15 de março de 2018, aos 88 anos.

O ilustre filho de Tietê, ainda trabalhou por muitos anos no Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE) e brilhou como zagueiro do time de futebol, formado, em sua maioria, por jogadores negros.