História do Abastecimento e Tratamento de Água e Esgoto de Tietê
A história do serviço de água de Tietê se entrelaça com o seu desenvolvimento populacional e urbano e data do princípio do século XIX. Esse serviço, por sua vez, passa por várias transições, inclusive a do próprio território, que na altura, era denominado freguesia de Pirapora. A primeira notícia que se tem acerca do provimento de água é do ano de 1843, documentado em um relatório do fiscal José Aleixo da Costa, que fez saber à Câmara Municipal de Porto Feliz a necessidade de abertura de becos (3) para o serviço de água à população. Foram abertos 3 becos principais, os quais interligavam as ruas 13 de Maio, 7 de Setembro e 25 de Março à Rua do Comércio e ao Rio Tietê.
Em 1891, é interessante verificar a proposta para a construção da rede de esgotos pelo engenheiro Jonas Moraes Aguiar à Intendência, salientando a necessidade de melhorias ao serviço (água encanada), a qual foi enviada à Câmara Municipal de Tietê (primeira câmara) em forma de requerimento, dando a conhecer o recente progresso das principais províncias do interior e mesmo da cidade. Todavia, dado “estado precário das rendas municipais” na época, se adiou “a solução da proposta” para um período “mais próspero”. Salienta Benedicto Pires de Almeida que “por falta de recursos a ideia foi relegada para melhores dias, só se tornando realidade vinte anos depois”.
Em 1893, fora aprovada pela Câmara, uma resolução que autorizava o intendente à contratação de engenheiro para se realizar a planta da cidade com exames de níveis e para estudos sobre a rede de esgotos sanitários.
1900 é fundamental para a resolução parcial do abastecimento de água, na medida em que, houve nesse ano a epidemia da febre amarela e “obrigou” a Câmara dar como urgente à cidade o abastecimento de água canalizada. O engenheiro responsável pela execução foi Afonso Pires Fleury, que “captou” da distância de 8 km a água para a população. O acontecimento teve destaque no periódico paulista O Estado, o qual enfatizou a agilidade e a dedicação para o feito e também relatou o fechamento dos poços por ordem de autoridades sanitárias. Ademais, a imprensa do estado assinalou que o abastecimento funcionava de maneira provisória ainda que com “escassez”.
Em 1901, teve o início das obras de caixa de água. O fato foi registrado n’O Tietê de 15 de dezembro: a inauguração da pedra fundamental se deu no perímetro suburbano (subúrbio) da cidade, localizada na “Chácara do Biscaro” onde seria realizada a construção.
Em 1902, O Tietê de 28 de dezembro noticia a inauguração do abastecimento provisório de água.
Em 1904, a edição de 15 de maio do periódico faz uma descrição detalhada do abastecimento desenvolvido na cidade, dos são de importância assinalar: o serviço de derivação de água encanada às casas; duas caixas de água para depósito com funcionamento independente feitas de concreto e abobadilha; a captação da água por drenagem; a proveniência da água encanada da vertente do Rio Sorocaba através de um túnel; a importância do Ribeirão da Serra em recepcionar do encanamento adutor; o volume de água captado diário de 1 milhão de litros, com possibilidade de aumento; o abundante recurso hídrico e a vantagem para a economia doméstica e o apelo para o seu bom uso; e por fim, a projeção de uma rede de esgotos, que se considerava como um complemento “indispensável ao abastecimento de água”. No mesmo ano, a obra de Afonso Pires Fleury foi entregue à Câmara Municipal.
Em 1910, houve o contrato para a construção da rede esgoto, a qual teve início em 10 de agosto e foi concluída e entregue a 30 de novembro de 1911, sendo o fato anunciado pela Câmara Municipal. O engenheiro responsável foi o Dr. Christiano Machado.
É em 1917, a 29 de abril, se tem as primeiras experiências com as bombas de levantamento de água, que transportava o recurso do Rio Tietê ao reservatório. A administração era de Elias de Moura.
É importante salientar que, no ano de 1916 foram realizadas por meio de autos e ofícios negociações entre a Secretaria dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, a Repartição de Águas e Esgotos (ambas da capital), a Câmara Municipal e a Prefeitura Municipal de Tietê. A administração era de Júlio dos Reis e a solicitação que requeria versava acerca da “concessão de auxílio para execução das obras de reforço do abastecimento de água” da cidade (ACERVO Secretaria de Obras, pasta reservatório, 1916). Em 29 de julho de 1916, em ofício direcionado ao prefeito, o diretor da repartição da capital anuncia o orçamento concedido para a instalação de uma bomba. O documento ainda traz um rico detalhamento de análises química-biológicas da água do rio Tietê pelo H. Potel, considerando-o não potável, sendo, todavia, sua rede distribuição de boa qualidade. Em outra análise, a água do rio é considerada de boa qualidade, apenas “contendo um pouco argila em suspensão”. No documento de 4 de dezembro de 1916, do mesmo material, João Ferraz, engenheiro responsável pela obra, comunica ao prefeito que a mesma já estava em andamento.
O Tietê de 7 de setembro de 1922 faz considerações sobre os avanços e progressos ocorridos em um século na cidade em ocasião da emancipação política do país, dando destaque ao aumento da população e à canalização de água e esgotos, dentre outros.
Em 1934 houve a conclusão do reservatório da Água Branca, o qual servia de reforço ao abastecimento municipal, cujas águas eram provenientes do manancial de mesmo nome, anunciado pelo periódico O Democrata de 24 de abril. O reservatório hoje fica ao lado de um poço (P01 Água Branca – São Pedro) e está desativado.
Na edição de 13 de maio 1945 de O Democrata, há o relato da reforma e da ampliação do serviço de água e esgotos em Tietê. O contrato fora firmado entre o Departamento de Municipalidades e as empresas Lindemberg, Assumpção & Cia Ltda, de São Paulo e assinados pelo então prefeito Olegário de Camargo, projeto que foi inaugurado em 1947, a 12 de janeiro.
Data de Publicação: 19-01-2024